quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Filme tragicômico e terrorista sobre Deus – Deixados para Trás


O próprio enredo do filme entrega a falta da consistência das ideias apresentadas. O terror e a escolha abusiva das passagens bíblicas fazem do filme uma arma de conversão a qualquer preço induzindo as pessoas a acreditarem em um Deus vingativo.
CUIDADO: SPOILERS

Ora, Deus, na sua infinita bondade vai escolher milhões para serem salvos e milhões para se ferrarem.
“Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência.”
“Sei que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida,
e voltarei à casa do Senhor enquanto eu viver.”
“Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a vocês.”
O Amor de mãe é superado pelo afã de Deus em levar para perto de si aqueles que são crentes. Essa mesma mãe não teria feito uma opção bondosa de ficar na terra e proteger seus filhos e amparar seu marido?
“quem não ama, não conhece a Deus” (1 Jo. 4,8).
“Deus é amor” (1 Jo 4,8.16)
Ora, então não é somente Deus que seria ruim e abandonaria  aqueles que não foram devidamente convertidos, mas também os convertidos se permitiriam serem abduzidos de suas obrigações para estarem perto do Pai, em detrimento de qualquer bondade ou zelo que pudessem ter por qualquer um aqui na terra.
27 “A religião que Deus, o nosso Pai aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo.” Tiago 1:27
Segundo o filme, a única forma de se salvar é a religião. E deve ser a religião dos escolhidos, aquela que se atém à Bíblia e aos seus mandamentos. Qualquer outro tipo de religioso não deve ser salvo pois somente o Deus “loteado” pelos ensinamentos bíblicos é capaz de elevar o homem a Deus.
observando uma boa conduta no meio dos homens. (1 Ped. 2,12), se ‚ possível, tenham paz com todos os homens (14), quanto deles depende, de modo que sejam na verdade filhos do Pai que está nos céus (15)
Risível o fato de que justamente os mais fortes, os mais bondosos, os mais preparados para exercerem o trabalho do “Carpinteiro” sejam arrastados, sem livre arbítrio para perto de Deus. Voltando a Tiago, 1:2, temos:
“2 Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações,
O paraíso
E o  paraíso, o que seria segundo as ideias do filme? Uma total falta de consciência sobre o sofrimento dos que ficaram? Como alguém amoroso, preocupado com seus filhos, parentes e mesmo com todos os outros humanos, criação de Deus, poderia descansar tranquilamente sabendo que os SEUS, que ficaram estão sofrendo?
Descansar, fruir, estar no paraíso. Qual o significado disso? Seria o esquecimento total do mundo e das boas pessoas e boas obras que o criador deixou por aqui? Para quê uma vida eterna de graças e bons sentimentos se eu não puder fazer nada pelo meu próximo?
Que religião é essa que separa e segrega as pessoas? Que ditador é esse deus mostrado no filme que só permite a salvação de quem seguir a sua cartilha, ponto a ponto, se dobrando, sem livre arbítrio e mesmo sem uma plena inteligência à conversa dos homens. Fica mais engraçado ainda ver que o próprio pastor não acreditava o bastante para ser abduzido.  
Por fim, há que se registrar o caráter terrorista do filme. Ao invés de mostrar um Deus de brandura e bondade, a ideia é mostrar que os que não se curvarem serão eternamente prejudicados. Mas não é isso que está nas escrituras:
"Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder a quem quer que seja sobre a razão da esperança que há em vós. Mas que seja com brandura e respeito, conservando uma boa consciência" (1Pd 3,15-16)
Ou seja, apesar dos milhões gastos, o filme é uma peça cômica, na realidade tragicômica. Pois inspira medo quando devia inspirar amor, inspira terror quando devia inspirar consolação, inspira dor quando devia inspirar salvação e bondade.

É um filme que vale a pena ser visto. Por ele pode se ver que o terror não é uma arma apenas de fanáticos que se explodem, mas também é uma arma na mão dos que têm dinheiro e poder para extorquirem milhões de pessoas impondo-lhes medo e falta de esperança. 

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