segunda-feira, 15 de abril de 2013

Fundamentalismo e ignorância


O fundamentalismo depende de um ciclo de ignorância para existir.
A ignorância começa na cabeça do guia que já não sabe as consequências dos seus atos.
Depende muito de achar um vazio quase absoluto na cabeça do crente, do seguidor. A vontade do crente de responder às próprias dúvidas é um prato cheio para quem vive de fingir que é Deus. Ou pelo menos, o melhor representante dele.
O fanatismo ainda tem que fechar o próprio universo à interação com outros meios para tentar se preservar.
A mente doentia já existe, antes do líder atingir o grupo e conseguir poder sobre ele. O que não existia e nunca vem a existir é a preocupação em ter cultura de verdade, em encontrar a realidade. Na cabeça doente e ambiciosa do lobo, do usurpador, o futuro já está preparado mas não depende de que ele desenvolva conhecimento, absorva informação. Não há preocupação de ter uma formação decente.
De Hitler - que até enganava bem como falso erudito - aos grandes líderes da bandeira vermelha, dos barbudos que falam árabe aos pastores ricaços. Até entre o povinho que da ditadura militar tinha general que gostava de falar que nunca havia lido um livro. Mesmo que fosse mentira, ainda mostra bem muito o valor mínimo que esses monstros dão à cultura.
Entre os fiéis é que a falta de informação, de cultura e de estudo campeia solta, mesmo. Entre os líderes é necessário aprender pelo menos um pouco para saber enganar. Mas para ser enganado, quanto mais burro, melhor.
Quando foi dito, "vinde a mim as criancinhas" o sentimento era de pureza. Nos tempos de hoje o importante é que o subjugado seja o mais tapado possível. Daí ele vai acreditar em tudo. Vai se deixar enrolar e enredar indefinidamente pelo poder e o carisma dos que o lideram.
Só pode ser excesso de alienação, de ausência de pensamento próprio o fato de que um sujeito possa pensar em dar um cartão de crédito a um imbecil que diz conduzi-lo. Também não lhe passa pela cabeça que possam haver artistas por ali fingindo fazer o mesmo para que ele os imite.
Mas apenas ter ignorância não é o bastante. Ela precisa ser reforçada e protegida. Nesse sentido, nada supera as religiões para criar um sistema de crença que desacredite qualquer coisa que não o interessa. Com a pecha de mal, de diabólico, qualquer discussão arriscada é evitada e preserva o desconhecimento do crente em relação à verdade.
Exemplo é o fato de qualquer ataque à humana estrutura da religião é imediatamente assumido como um ataque à própria divindade.
A utilidade desse ardil é evidente. Se não é possível atacar as religiões sem atacar a Deus, então os homens que a conduzem jamais poderão ser atacados. E nessa confusão entre Deus, religião e seus guias humanos e sujeitos a faltas, quem perde é o seguidor. Ele nunca tem a consciência do que está acontecendo com ele. Quem lucra com isso já é amplamente conhecido.
A ignorância é a chave para a manutenção do fundamentalismo. A falta de informação e de formação permeia todo o ciclo do surgimento e manutenção das crenças indiscutíveis, dos regimes totalitários e dos fanatismos em geral. Angariar informação, discutir processos e valores, e refletir só podem trazer lucro a quem vive de oferecer as questões e dar as respostas a quem não tem capacidade de procurá-las por si mesmo.