sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Ao sabor dos ventos - hoje crente, amanhã nazista

         As notícias são interessantes e as mais diversas:
         Arrependida, fulana de tal chora ao se lembrar de quando se prostituía;
         Pastor diz que matou e roubou, mas que agora só trilha os caminhos do senhor...
         Jogador de futebol invoca sua religiosidade ao agradecer pela derrota do time adversário...
         Pastores brasileiros são listados entre os homens mais ricos do mundo...
         Atrás da suposta devoção à religião o que se percebe é uma grande preocupação com o próprio bem estar. O lucro vem diretamente, quando o dízimo é recolhido e aplicado nas mãos do sacerdote. Ou indiretamente, quando os comportamentos ruins são suprimidos pela auto sugestão e pelo regramento das igrejas. De qualquer maneira, o importante é se locupletar.
         Deve-se ressalvar entretanto que se trata de uma facção o que se relata aqui. Em muitos casos as experiências missionárias são positivas e deixam marcas muito boas nas populações que as recebem.
         Para ilustrar esse fato é possível ilustrar o que aconteceu em uma ilha chamada Ramree durante a segunda guerra mundial. Os japoneses dominaram a região e mataram os pastores que haviam trabalhado por lá. Depois o exército japonês teve que enfrentar a fúria dos caçadores de cabeças que acabaram por lhes matar mais de 1000 homens.
         Mas, salvo umas poucas exceções os objetivos são ligados à obtenção de benefícios próprios. Não se tem em mente uma prática inocente da fé, mas sim angariar riqueza. Na melhor das hipóteses, trata-se de um bom meio de vida. 
         No nazismo era a mesma coisa. O importante era se dar bem no partido. Os altos postos, a possibilidade de ganhar dinheiro com a espoliação dos judeus e até de católicos, os dentes de ouro retirados dos cadáveres e as obras de arte roubadas faziam parte do "dízimo" recolhido pela verdadeira religião chamada Nacional Socialismo.
         É importante transmitir uma aura de seriedade, de compromisso constantemente renovado. Nessas seitas, também há um cidadão ideal como havia no nazismo. A face do "crente" ideal é a do grande doador, aquele que participa ativamente das obras. A sua família é exemplo para tudo. Os seus bens materiais são apenas a prova cabal de que a divindade agiu em seu benefício.
         Outra similaridade interessante é o sistema de cumprimento de metas. Em um dos filmes denominados "O Julgamento de Nuremberg" com Alec Baldwin, é apresentado o depoimento de um ex-dirigente de um campo de concentração. Segundo ele, a quantidade de execuções foi aumentada constantemente ao longo de sua administração. E o chocante é como ele vai apresentando os dados e enchendo o peito de orgulho pelo bom trabalho realizado.
          Para quem não sabe, muitas dessas denominações religiosas por aí também têm sistemas de metas. Quem não cumprir determinados valores de arrecadação não faz jus a continuar usando o santo nome daquela instituição. Corre-se o risco de "perder a franquia". Com o intuito de manter seus fluxos de recursos bem altos é que muitos líderes acabam "forçando uma barra" com alguém e recebendo um carro ou uma casa em troca de uma cura espetacular, que nunca acontece. 
         Algumas diferenças são observáveis. 
         Claro que os tempos atuais não suportariam ataques tão diretos ao direito de propriedade como no estado alemão do pré segunda guerra. O próprio sistema legal não permitiria que fossem tomados à força os bens de uma pessoa.
         Mas contornar isso é fácil. Basta afirmar e reafirmar que uma determinada mentira é verdade e as pessoas acabam caindo. Daí para conseguir a doação "voluntária" de valores em dinheiro, automóveis e até residências não há muito esforço a ser feito.  
         As similaridades entre uma doutrina podre como o nazismo e a forma como algumas pessoas praticam o cristianismo mostram claramente o mal uso que se pode dar a boas palavras. E no fundo revelam mesmo é o contraste entre o melhor e pior que existem no ser humano, a sua diversidade de sentimentos e de caráter.
         Tem que existir todo tipo de gente para garantir a diversidade. Para existirem os bons, é necessário existir os maus. Para existirem os santos, é necessário haver os pecadores. Já para existirem os iluminados de verdade, é necessário existirem os hipócritas. Esses falsos crentes são os mesmos que comandariam campos de concentração se a "moda" da hora fosse o nazismo... Tudo de acordo com o que estiver pagando melhor...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Divindade do Bem ou dos homens

         A Grandeza de Deus não se reforça pelas maquinações dos homens e muito menos pelo conhecimento que a humanidade desenvolve a respeito de si mesmo ou das próprias obras. A física, a matemática e outras ciências dão um testemunho puro e muito mais MODESTO da existência de Deus do que esses homens que usam sua sabedoria em proveito próprio.
         À medida que os anos passam, mais e mais a ciência vai se desenvolvendo e provando que há algo maior. Se até Aristóteles já sabia que o que não se sabe é tanto maior à  medida que quanto mais é aprendido imagine-se hoje. Ou seja se ele já afirma a imensidão inexplicável que Woody Allen cita tantas vezes até onde se pode ir hoje. Stephen hawking e Einstein, apenas por exemplo, concatenaram muito mais a respeito de Deus em alguns sinais e letras do que textos e mais textos de pessoas de boa vontade sem certeza do que estavam falando.
        As únicas provas irrefutáveis, medidas, deduzidas e sistematizadas da Grandeza indiscutível do Universo foram obtidas pelos cientistas. A confiança que eles deveriam inspirar fica reforçada pela humildade inerente ao próprio conceito mutável, discutível e sobretudo sujeito de contestações de fazer CIÊNCIA.
        A única pequena e frágil ponte que liga a Ciência e a religião é a Divindade. Só que a primeira a sugere, a procura e a demonstra. Já os sacerdotes à impõem, usam para manipulação e para obtenção de benefícios próprio e de suas seitas.
        O mais bonito e o mais importante de tudo é afirmar essa Grandeza de Deus e buscar desenvolver o Homem através da sua busca dessa divindade. O caminho não importa muito, mesmo o dos rituais. Quando a vontade é muita e o objetivo é certo, os meios não são o mais importante, como diria o injustiçado Machiavel.
        Os sacerdotes, entretanto, parecem desesperados em negar essa grandeza. Apegam-se às mesmas palavras de centenas de anos atrás. Em várias correntes, inclusive algumas que não podem nem ser citadas sem risco de vida, as letras de tempos há muito passado ainda escravizam os homens. Seus olhos são tampados indefinidamente por uma névoa de negação. E a morte corre solta em suas mãos em nome do Divino.
        Essas palavras são as mesmas que serviram de base para as fogueiras de católicos do mundo inteiro. Também os protestantes americanos, pelo menos, não ficaram para trás, queimando suas bruxinhas em Salen. Esquece-se que a meta principal deveria ser o homem.
         É importante mostrar a importância de suprimir, de diminuir e esquecer o ser humano. Esse, destituído de seu orgulho, de sua consciência de si mesmo, fica passível de constante manipulação, passando a almejar algo além da insignificante vida que lhe foi dada. Buscar uma segunda vida, por exemplo, é somente um expediente para poder desprezar o ser humano e a ele se sobrepujar. É dizer, por caminhos tortos que o que aqui se vive agora, é mesquinho e insignificante e que, portanto, pode ser pior ainda. Sempre é claro, em benefício dos sacerdotes.
        Mas os requintes de demagogia vão mais longe. Afirma-se que o homem é a imagem e a semelhança de Deus. Para logo em seguida dizer que todos pecaram e destituídos estão da glória. É como se afirmar a um adolescente de 12 anos que ele é muito homem e deve ser responsável. Mas logo em seguinte se o proibisse de brincar na rua.
         Confundem-se as cabeças para reinar sobre elas. Machiavel de novo: "Dividir para conquistar". Também Saramago percebeu alguma coisa, e escreveu isso:

              "Dizem-se representantes de Deus na terra (nunca o viram e não têm a menor prova da sua existência) e                 passeiam-se pelo mundo suando hipocrisia por todos os poros". Em Caderno de Saramago.
        E ai de quem questionar alguma coisa! Pois que há de receber a punição por investir contra o sagrado. 
        Negar ou aceitar que a ciência tem seus méritos pode custar e custa muito caro aos "cleros". Tira sua autoridade e a transfere a quem quer que detenha o conhecimento. O reflexo recai diretamente na capacidade financeira da entidade, ou seja, no caixa. Nesse caso é importante ficar reforçando indefinidamente o sagrado, a fé pela fé, sem questionamentos.
         A controvérsia surge nas próprias palavras que são defendidas. A questão de procurar Deus nas coisas e não nos homens, por exemplo, é controversa. Deus está em todo lugar. O próprio cristianismo reafirma essa expressão em várias fontes. O interessante é afirmar isso e logo em seguida dizer que a única verdade está na "palavra". A resposta para o dilema é fácil. De acordo com a situação, vale uma verdade ou outra. Tudo pode ser explicado pois a capacidade de argumentar é interminável e
          Não basta procurar nas letras antigas as respostas para tudo. Na hora de se consultar com um médico por exemplo, não se quer a ciência antiga, das amputações e das sangrias. O que se quer é o mais moderno, o mais pensado e o mais pesquisado.
           Assim também deve ser a fé: Rica de Deus e pobre de palpites humanos, de interpretações pobres e principalmente de sentimentos ruins. O ser humano instruído pode buscar Deus onde ele realmente está, no bem, nas boas ações, na educação do Caráter. E não na obrigação de se rastejar mentalmente por uma seita e financiar os luxos de uns poucos sacerdotes.
           Para pensar: Caim fala a Deus em Saramago: "bastaria que por um momento fosses realmente misericordioso, que aceitasses a minha oferenda com humildade" (para que abel não morresse)...