sexta-feira, 3 de maio de 2013

E ainda querem mais?

Por anos e anos o ser humano tem sofrido as agruras de viver nessa terra.
O clima nunca foi o mais agradável. Secas enormes, inundações, calor ou muito frio.
Esse tem sido o cotidiano da raça humana sobre a terra.
Quando o clima combinado com o relevo não atrapalham, o homem se incumbe de prejudicar a si mesmo: Guerras constantes, genocídio, fome provocada pelo autoritarismo, perseguição política e religiosa, ou simplesmente desprezo.
Esse desprezo acontece, por exemplo,  quando os políticos que, muito preocupados em legislar para eles mesmos e roubar o máximo possível, fecham os olhos às necessidades dos mais carentes entre a população.
Ainda assim o ser humano tem se dado bem. Seja na neve ou no deserto, ainda há crianças nascendo e crescendo. A superação tem sido enorme ao longo dos milênios. Populações se desenvolveram sob as mais severas condições em quase todos os cantos da terra.
Apesar das guerras e dos genocídios e da peste a raça humana tem se superado e obtido progresso. Decididamente, esse progresso não atingiu a alma comum, o inconsciente coletivo. Pois os mesmos erros vão sendo cometidos o tempo todo. Mas pelo menos, do ponto de vista material, das invenções, da capacidade de ir mais longe em menos tempo, e de matar, é claro, é inegável que houve um franco desenvolvimento.
Mas o mais estranho nisso tudo é o fato de ainda quererem mais. Apesar de toda essa graça recebida da terra, do sol que os ilumina, do pó que os criou e os mantém, ainda acham necessário buscar as explicações em crenças não comprovadas.
Os rituais são os mais variados possíveis. E os povos mais fortes e desenvolvidos economicamente acabam por impor os seus rituais a quem não tiver o mesmo poder. Foi assim com os maias, os astecas e todos que se atreveram a ficar no caminhos dos bondosos cristãos. Em apenas uma matança todo um povo da Nova Zelândia foi dizimado pela força “redentora” do poder cristão.
Interessante é que o poder do ritual se volta contra a própria carne do povo que o pratica. A necessidade de exercício do poder justifica verdadeiras guerras civis em que pessoas desarmadas são mortas por não aceitarem as práticas impostas. Este foi o caso das inquisições.
Provas, provas e mais provas são dadas de que o que prevalece é o caos, apesar de toda a beleza e grandiosidade do mundo. E ainda há a necessidade de personificar a divindade numa figura sobre humana, mas ainda assim, humana e carregada dos mesmos sentimentos vingativos e impositores dos que a criaram. E piora. Ainda se afirma que a divindade que é o próprio poder e a criação fez o minúsculo homem à sua imagem e semelhança.
Ora! Mal e mal o ser humano tem conseguido manter o seu planetinha, sua navezinha funcionando. Como é possível se pensar que tenha sido feito à imagem e semelhança daquele que o criou. Certamente, até para respeitar as próprias palavras, o homem teria que respeitar mais a criação de seu Deus e com o qual ele tanto se identifica.
Essa é apenas mais uma prova da necessidade da maquinação, do tipo de invenção que é necessária ao homem para se colocar no mundo. O preço pago por esse conforto dado pela engendração, pelo enredamento no contexto da religião é que se fecham os olhos a novas possibilidades e novas dúvidas.
Humilde que fosse a espécie humana e talvez fosse capaz de se contentar com a contemplação de toda essa grandiosidade e essa beleza a que se pode chamar de divindade. Para isso não seria necessário abrir mão da curiosidade e da vontade de saber sobre si mesmo. De uma maneira até científica, no sentido mais puro da palavra, seria o caso de se aceitar com tranquilidade aquilo que já se sabe, questionar e acreditar na dúvida como um caminho para chegar a verdades indiscutíveis. 
Quanto mais se deixam os sentidos abertos ao esclarecimento pelo reconhecimento da dúvida, menos coisas passam despercebidos aos que querem valorizar sua existência com o verdadeiro aprendizado.